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Brasil vai expandir venda do nióbio para a China

Mineração, mineradoras

Fonte: Elida Oliveira – Ribeirão Preto

Brasil investe para vender nióbio à China

Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração usa ‘marketing especializado’ para mostrar vantagens do uso do metal

Em 35 anos, empresa amplia exportações em 1.000%; EUA, Japão, Cingapura e Europa também são clientes

Para criar um mercado inexistente até a década de 1960 para o nióbio – metal que faz com que o aço seja mais resistente-, a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) investiu na China nos últimos 20 anos.

A estratégia consistiu numa espécie de “marketing especializado”: técnicos e pesquisadores foram enviados ao país asiático para abordar as vantagens do uso do metal. O motivo é simples: na China estão grandes siderúrgicas.

Nessas empresas e em centros de pesquisa chineses, a CBMM também deu bolsas de estudo aos asiáticos chineses para eles mesmos desenvolverem pesquisas sobre novas aplicações para as ligas.

O investimento deu certo. Hoje o país asiático compra 26,6% da produção de ferronióbio da CBMM, segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).

A companhia está localizada em Araxá – cidade a 367 km de Belo Horizonte -, onde se concentram as maiores reservas de nióbio do mundo. O ex-secretário nacional de Minas e Energia Luciano Borges, da Adhoc Consultores Associados, define o Brasil como o principal “player” no mercado atualmente.

“É um insumo importante para a indústria, mesmo [com o metal] entrando como uma pequena parte na composição das ligas”, disse.

EXPANSÃO DE MERCADO
Em 35 anos, a CBMM conseguiu expandir em 1.000% suas exportações. Em 1975 foram exportadas 5.400 toneladas de nióbio; no ano passado, 61,9 mil toneladas, conforme dados da empresa.
Além da China, compram ferronióbio da CBMM os países da União Europeia (32,8%), os EUA (15%), Cingapura (14%) e Japão (10,75%), segundo o DNPM.

Segundo a CBMM, o nióbio está presente em somente 10% da produção mundial de aço, estimada em 1,2 bilhão de toneladas, mas a tendência é crescer.

A companhia estima aumentar em 60% as exportações até 2015. Neste ano, investidores japoneses e sul-coreanos compraram 15% da CBMM temendo o avanço da China nesse mercado.

No ano passado, a estatal East China Exploration comprou o controle da Globe Metals & Mining, australiana com reservas na África.

APLICAÇÃO
Os aços microligados com nióbio podem ser usados na construção civil e nas indústrias mecânica, aeroespacial, naval e automobilística. O Brasil conta com 98,43% das reservas mundiais, de acordo com o DNPM Pesquisas desenvolvidas na Unicamp comprovaram que a mistura de titânio com nióbio produz uma liga com estrutura semelhante ao osso humano. Com isso, pode ser usada em próteses, sem efeito colateral.

Mudanças na economia global podem favorecer mercado de minérios, prevê presidente do Ibram

Fonte: Valor Econômico

Cotações dos bens minerais devem continuar firmes

A indústria mineral espera atravessar a fase de crise na economia mundial sem maiores solavancos. E acredita que será possível preservar em grande parte o vigor demonstrado nos últimos anos. Entre 2009 e este ano, as exportações do setor, excluídos petróleo e gás, deverão mais do que dobrar, acumulando variação superior a 140%. Em valores, refletindo uma combinação de preços em elevação e volumes em expansão, informa o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Vargas Penna, as vendas externas de bens minerais saíram de US$ 18,1 bilhões para um total previsto de US$ 43,6 bilhões em 2011, 23% mais do que em 2010.

Quase 82% desse valor virão das vendas de minério de ferro, previstas em US$ 35,7 bilhões neste ano, o que representará um crescimento de 23,6% frente aos US$ 28,9 bilhões exportados em 2010. “O Brasil é líder nas exportações de minério de ferro e de nióbio e é o segundo maior nos mercados de manganês, tantalita e bauxita”, acrescenta Penna. Com importações estimadas em US$ 10,02 bilhões, o saldo comercial da indústria mineral deverá atingir o recorde de US$ 33,6 bilhões neste ano, projeta o Ibram, praticamente 16% acima do superávit esperado para o país, na faixa de US$ 29 bilhões.

As mudanças estruturais em curso na economia global, avalia Penna, deverão ter peso determinante no futuro da mineração, no Brasil e no restante do planeta, contrabalançando os impactos negativos e mais de curto prazo gerados pela crise. Desde 2009, lembra ele, citando números da Organização das Nações Unidas (ONU), as cidades passaram a abrigar metade da população mundial, numa proporção que deverá subir para dois terços até 2050. “Apenas na China, cerca de 800 milhões de pessoas deverão migrar do campo para áreas urbanas nas duas próximas décadas. Isso representará a necessidade de novas casas, escolas, hospitais e outros equipamentos urbanos, além de mais indústrias. Apenas o setor residencial chinês demanda 6,0 milhões de moradias por ano”, enumera.

Mesmo diante de um previsível decréscimo no crescimento mundial, o cenário para o setor mantém-se favorável diante de um “quadro ainda apertadíssimo entre demanda e oferta”. Apenas um “cataclismo global justificaria um impacto significativo sobre o setor”.

Diante dessa avaliação, Penna projeta preços firmes para os minérios pelo menos ao longo dos próximos três anos. No caso do minério de ferro, aponta, as cotações vinham girando em torno de US$ 170 por tonelada e tendem a se manter próximos a US$ 150 até por volta de 2014, na estimativa de Penna.

Estimulado pela demanda, reforçada ainda pela necessidade de reconstrução do Japão, atingido por terremoto e tsunami neste ano, a indústria mineral deverá disparar investimentos igualmente recordes entre 2011 e 2015, prevendo-se uma injeção de US$ 68,5 bilhões, segundo levantamento realizado em maio pelo Ibram. Esse valor corresponde a um incremento de 10,5% sobre o valor indicado na pesquisa realizada em agosto do ano passado, quando os investimentos projetados para 2010 a 2014 somaram US$ 62 bilhões.

Apenas para o minério de ferro estão previstos investimentos de US$ 44,97 bilhões, correspondendo a dois terços do total projetado. O resultado deverá ser uma produção mais de duas vezes maior do que a realizada em 2010, num total de 771,5 milhões de toneladas em 2015. A produção de níquel, com investimentos de US$ 6,55 bilhões, deverá aumentar 2,6 vezes, de 74 mil para 192 mil toneladas.

Mas será a indústria do cobre que deverá realizar o maior crescimento, triplicando sua produção nesse período, para 662,0 mil toneladas, resultado de um total de US$ 2,54 bilhões em investimentos previstos. (L.V.F.)

Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração faz acordo bilionário com chineses – empresa domina 80% da produção mundial de nióbio

Fonte: Ivo Ribeiro e Viviane Maia – Valor Econômico

Chineses pagam US$ 1,95 bi por 15% da CBMM

A CBMM, empresa de mineração e metalurgia de nióbio, fez uma novo acordo bilionário com clientes de seu produto na Ásia, menos de seis meses depois de ter acertado uma operação com um grupo da região formado por companhias do Japão e Coreia do Sul.

Ontem, a empresa confirmou a venda de 15% do capital a um grupo de companhias chinesas. O negócio foi fechado por US$ 1,95 bilhão com Citic Group e grandes companhias fabricantes de aço do país – Anshan Iron & Steel, Baosteel , uma das maiores siderúrgicas do mundo, Shougang e Taiyuan Iron & Steel.

Em março deste ano, um consórcio formado por companhias japonesas e sul-coreanas – entre as quais as japonesas Nippon Steel, JFE e Sojitz e Posco – já havia comprado 15% da companhia brasileira por US$ 1,8 bilhão.

A operação com os chineses foi efetivada por meio de uma sociedade de propósito específico, informou em comunicado a CBMM, sigla de Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. A empresa extrai o mineral de nióbio em jazidas próprias e arrendadas do governo de Minas Gerais e faz a transformação metalúrgica de suas ligas em Araxá (MG).

A empresa é controlada pela família Moreira Salles, uma das donas do Itaú Unibanco e domina 80% da produção mundial de nióbio e percentual similar das reservas do Brasil. Em 2010, a CBMM teve receita líquida de R$ 2,9 bilhões e lucrou R$ 1,1 bilhão.

O preço pago pelos chineses avalia o capital total da companhia em US$ 13 bilhões, sem considerar prêmio de controle, caso a família decidisse vender a empresa, o que está fora de cogitação.

O nióbio é usado, por exemplo, na produção de aço inoxidável, especiais e autopeças. Tem aplicações também na indústria aeroespacial e em produtos da indústria de alta tecnologia eletrônica. Os principais segmentos de mercado atendidos pelos produtos de nióbio são automotivo, de transporte de óleo e gás, de estruturas metálicas pesadas (pontes, torres e edifícios) e em aplicações em temperaturas elevadas.

A empresa tem investimentos programados até 2015 de R$ 800 milhões. A empresa, na época da venda de 15% ao grupo japonês e sul-coreano, disse que o motivo da venda de um pedaço da empresa foi papel que as sócias terão em ajudar a desenvolver a tecnologia de inserção do nióbio no aço.

A China é a maior compradora de nióbio da CBMM, seguida pela Europa, com 27%. As aquisições do país, foram responsáveis por 30% das vendas externas de nióbio da companhia mineira. Os chineses se tornaram o maior consumidor do metal em 2005, tendo passado os americanos. chineses são também os maiores produtores de aço do mundo, com produção esperada de 700 milhões toneladas neste ano, quase 50% do total mundial. A América do Norte consome 15% do nióbio exportado pela CBMM, mas os Estados Unidos produzem bem menos aço – 80 milhões de toneladas por ano. “A China usa menos nióbio por tonelada de aço e por isso mesmo é o nosso mercado de maior potencial”, disse ao Valor, na época, Tadeu Carneiro, presidente da empresa.

Em 2010, a CBMM produziu 62 mil toneladas de nióbio. Segundo informou, a demanda cresceu 10% ao ano de 2002 a 2009 no mundo.

Minas mais forte: Ações de Aécio e Anastasia criaram condições para diversificar economia mineira – Estado receberá aporte de R$ 70 bilhões e vai gerar 247,3 mil empregos nos próximos anos

Fonte: Zulmira Furbino – Estado de Minas

Minas cada vez mais rica

ESPECIAL
Diversificar é o caminho para a economia mineira prosperar nos próximos anos. Desafio do estado é atrair investimentos capazes de agregar valor às cadeias produtivas dos setores mais tradicionais 

A economia mineira cresceu nos últimos anos ancorada pela boa fase na produção de commodities e pelas condições favoráveis do mercado internacional. Os preços do minério de ferro, a vedete da economia mineira, subiram 600%, saindo de US$ 26,48 por tonelada em 2001 para os atuais US$ 180 por tonelada, puxados pela voracidade do consumo da China. O desempenho mostra que as riquezas naturais continuam garantindo para Minas um lugar no mundo. Entretanto, se quiser dar um salto na produção de riquezas e, mais do que isso, para não ficar refém de exportações de produtos primários, a economia mineira terá que se diversificar. “É preciso preparar Minas para uma nova era”, diz Luiz Antonio Athayde, subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais.

Um dos desafios é atrair investimentos capazes de agregar valor à cadeia produtiva nas regiões. “É isso que vai fazer com que as riquezas geradas no estado fiquem em território mineiro na forma de geração de emprego, aumento do poder de consumo, elevação do nível educacional e melhorias nos serviços públicos”, observa Marco Aurélio Crocco, presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Somente entre 2010 e este mês, o governo de Minas calcula que os protocolos de intenção de investimentos assinados deverão representar aportes da ordem de R$ 70 bilhões no estado. Ao serem implementados, esses empreendimentos – nas áreas aeronáutica, eletroeletrônica, mineração e siderurgia, energia, alimentos, eletrodomésticos, automotiva, confecção, entre outras -, terão capacidade de gerar 247,3 mil empregos nos próximos anos, segundo levantamento exclusivo do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) para o Estado de Minas. Olhando num horizonte de 20 anos, Athayde destaca que somente projetos ligados à nova economia e ao polo tecnológico de BH podem gerar 400 mil empregos e valor equivalente a um Produto Interno Bruto (PIB) mineiro.

SEM CONCENTRAÇÃO Pode soar estranho falar em diversificação de uma economia rica que já é bastante diversificada como a mineira. O estado é líder mundial na produção de nióbio, é o maior exportador de minério de ferro do país, o primeiro do Brasil na fabricação de aço e o segundo em capacidade de gerar energia. É forte também na produção de grãos e café, tem um enorme potencial turístico e polos industriais fortes nos setores automotivo, eletroeletrônico, alimentício, calçadista, têxtil, entre outros. No conjunto, Minas está em terceiro lugar no ranking da geração de riquezas do país, com um PIB de R$ 282,5 bilhões, maior que o de países como o Chile ou Israel.

Investimentos em biotecnologia já permitem que focos da dengue sejam monitorados por GPS, dentro e fora do país
O problema apontado pelos defensores da diversificação é que, apesar da multiplicidade, a produção em Minas está muito concentrada em setores com pouco valor agregado e grande dependência externa. Diversificar, nesse cenário, não significa apenas investir na exploração de novos segmentos de negócios, como o da nanotecnologia, ou abrir-se à exploração de riquezas que por enquanto permanecem adormecidas sob o solo, como o gás natural. Significa explorar melhor o potencial de negócios em setores já existentes, partindo, por exemplo, da agricultura para chegar ao agronegócio, que supõe beneficiamento e industrialização dos produtos colhidos no campo.

Vocações para o crescimento inspiram série 
Os caminhos que estão sendo desbravados rumo ao crescimento, as vocações, as atividades tradicionais e as apostas em novos setores serão tema da série de reportagens “Riquezas de Minas”, que o Estado de Minas publica a partir de quinta-feira. As reportagens abrangem as 10 regiões de planejamento do estado: Central, Rio Doce, Zona da Mata, Jequitinhonha/Mucuri, Sul, Centro-Oeste, Norte, Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste (veja quadro).

Ao todo, serão 12 páginas a serem publicadas na contracapa do primeiro caderno do jornal, sempre às quintas-feiras, até 17 de novembro. O projeto conta ainda com crônicas do escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna, que escreverá sobre as riquezas de Minas em cada edição.

Na internet, um hotsite e um blog trarão informações adicionais, enriquecendo com quadros, textos, fotos e vídeos o material à disposição do leitor.

Brasil não investe em pesquisas e ignora minerais em terras raras usados na indústria de alta tecnologia

Brasil ignora minerais estratégicos

Fonte: Marcelo Portela – O Estado de S.Paulo

Na contramão do mundo, governo não investe em pesquisa e exploração de terras raras, cada vez mais usadas na indústria de ponta

A recente aquisição de 15% de participação na produtora mineira de nióbio Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) por um grupo asiático é um claro indicativo do interesse que algumas nações têm em matérias-primas estratégicas. Mas o Brasil parece seguir na contramão. Pelo menos em relação às terras raras, conjunto de elementos químicos usados principalmente na indústria de alta tecnologia e que são igualmente estratégicos.

Oficialmente, o País tem menos de 1% das reservas mundiais de terras raras, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). No entanto, é consenso entre quem atua na área que essas reservas podem ser bem maiores. “Não há dúvida. O Brasil é uma caixa de surpresas para a mineração”, afirma Romualdo Paes de Andrade, responsável pela parte de terras raras do DNPM. “Há necessidades estratégicas que o Brasil vai ter que colocar em ordem para retomar pesquisas que estavam a pleno vapor há dez anos.”

Terras raras é o nome que se dá a um conjunto de 17 elementos químicos. A maioria das pessoas não conhece os nomes, mas provavelmente já teve contato com algum dos diversos produtos que levam esses minerais. São usados em smartphones, iPods, fibras óticas, supercondutores, baterias para carros híbridos, vidros e lentes especiais, ímãs, refino de petróleo e na indústria bélica, além de vários outros. “Quanto mais os eletrônicos são miniaturizados, mais a indústria precisa desses elementos”, observa o diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes.

“Capenga”. O Brasil foi um dos pioneiros na produção de terras raras, iniciada no País ainda no século 19, em areias monazíticas da Bahia, e chegou a liderar a produção mundial nas décadas de 1950 e 1960, posto que dividia com a Índia. No entanto, apesar do uso variado e cada vez mais constante, o governo vem deixando de lado a pesquisa em terras raras desde o regime militar, quando a Nuclemon, subsidiária da Nuclebras, assumiu a exploração do material. “Em 1985, essa exploração já estava capengando. Na década de 1990, parou de vez”, disse Marcelo Tunes.

A paralisação coincidiu com o avanço da China, dona de 57,7% das reservas mundiais conhecidas, que dominou com preços que tornaram a importação do material mais viável economicamente do que sua extração e beneficiamento. “A China investiu na exploração e produção e quebrou os concorrentes”, conta Paes de Andrade. Para se ter uma ideia, a China produziu, em 2008, 120 mil toneladas, enquanto a produção na Índia foi de 2,7 mil toneladas e o Brasil, terceiro maior produtor mundial, produziu 834 toneladas.

No ano passado, porém, o gigante asiático anunciou uma redução de 11,4% no volume de exportação de terras raras, para atrair mais indústrias de ponta para o país. “A China assumiu o monopólio com um objetivo: para comprar os minerais, hoje, tem que ser com valor agregado. Ela reduz o volume de exportação de terras raras, mas quer produzir os produtos que usam os elementos”, acrescenta.

Segundo Tunes, essa medida já levou o governo dos Estados Unidos a estudar a possibilidade de oferecer subsídios para a reativação da mina de Mountain Pass, na Califórnia, também fechada devido à falta de competitividade diante dos preços chineses. Medida que Romualdo Andrade defende também para o Brasil, a exemplo do que ocorre com materiais nucleares como urânio, explorado no País pela iniciativa privada em parceria com o governo. “Esse casamento poderia ser feito também para terras raras. Áreas sem viabilidade econômica (para empresas) poderiam ter subsídio governamental”, avaliou.

Salto. Enquanto o governo titubeia na retomada das pesquisas de novas reservas, empresários se adiantam. E as perspectivas oferecidas pelo crescimento acelerado da indústria de tecnologia atraem pesos pesados para a atividade. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), após a redução das exportações chinesas, o preço da tonelada de terras raras chegou a US$ 50 mil, salto de 1000% em relação aos US$ 5 mil que custava antes. Em 2010, 134 mil toneladas do material movimentaram um mercado de US$ 2 bilhões, valor que tende a crescer.

Numa palestra em Minas Gerais no fim do ano passado, o empresário Eike Batista declarou que estava mapeando algumas áreas. “Terras raras são os metais do futuro”, disse na ocasião. “O Brasil tem um potencial extraordinário, pode competir com a China. Pelo que já sei, nós temos uma reserva maior que a China”, completou. Após o discurso, porém, evitou entrar em detalhes sobre novas reservas.

Uma dificuldade, porém, é o alto do custo dos investimentos para pesquisar e explorar novas reservas. O Ibram defende uma análise mais detalhada do solo por parte do governo, como forma de reduzir os riscos. Segundo Tunes, menos de 30% do território brasileiro tem mapeamento geológico em escala adequada. “No mundo inteiro, essa é uma função de governo e no Brasil não é diferente”, ressaltou.

Consórcio Asiático confirma participação na CBMM de olho no nióbio, empresa detém 80% do mercado mundial e Brasil possui 98% das reservas

Consórcio asiático avalia a CBMM em US$ 13 bilhões

Fonte: Cristiane Perini Lucchesi – Valor Econômico

Nióbio: Compra de 15% da companhia por japoneses e asiáticos por US$ 1,95 bilhão foi assinada ontem

Foi assinada ontem a venda de 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), por US$ 1,95 bilhão, pela Brasil Warrant, empresa de participações da família Moreira Salles, a consórcio asiático. Responsável por 80% do suprimento do mundo de nióbio – metal usado principalmente na indústria siderúrgica para aumentar a resistência, tenacidade e leveza do aço-, a CBMM foi valorizada em US$ 13 bilhões no negócio.

“A empresa tem geração de lucro suficiente para financiar seus investimentos em produção e ainda gerar dividendos para os acionistas”, disse em entrevista ao Valor o CEO da CBMM, Tadeu Carneiro, um dos maiores especialistas em nióbio do mundo, há 22 anos na empresa, mas há 35 anos ajudando a desenvolver o mercado desse metal.

Em 2010, o lucro líquido da CBMM chegou a R$ 1,9 bilhão, um recorde na história da companhia e um aumento de mais de 100% na comparação com 2009. A receita chegou a R$ 2,9 bilhões. Os investimentos programados até 2015 vão envolver cifras de apenas R$ 800 milhões, 42% dos lucros obtidos neste ano.

Para Carneiro, o que motivou a venda de pedaço da empresa a investidores estratégicos foi o papel que as companhias terão em ajudar a desenvolver a tecnologia de inserção do nióbio no aço, contribuindo dessa força para desenvolver o próprio mercado consumidor do metal. Um investidor financeiro, como um fundo de private equity ou do mercado de ações, não ajudaria ne sentido.

Ao todo são seis as companhias investidoras na CBMM, quatro do Japão e duas da Coreia do Sul, cada uma ficando com 2,5% do capital. Do Japão, entraram as siderúrgicas Nippon Steel e JFE, a trading Sojitz e a Japan Oil, Gas and Metals National Corp. (Jogmec), agência de financiamento do governo japonês, que pela primeira vez fez um investimento direto em um projeto. Da Coreia, entraram o fundo de pensão estatal NPS e a siderúrgica Posco. As empresas vão receber em troca de suas participações a quantidade de nióbio equivalente.

O pagamento da aquisição não envolve troca de ações – será feito em dinheiro e à vista.

No ano passado, a CBMM produziu cerca de 62 milhões de toneladas em sua única mina, em Araxá, Minas Gerais, com capacidade de produção de 90 mil toneladas. A ideia é ampliar a capacidade para 150 mil toneladas até 2015 com os investimentos previstos de R$ 800 milhões.

Segundo Carneiro, o Japão é responsável por 12% do consumo de nióbio exportado pela empresa e produz 120 milhões de aço por ano, enquanto a Coreia do Sul compra 6% das exportações da CBMM. Mas, segundo ele, as empresas que acabaram de investir na CBMM são parceiras antigas no desenvolvimento de tecnologia para inserção do nióbio.

Hoje, a China é a maior compradora, responsável por 30% das vendas externas de nióbio da CBMM. Os chineses se tornaram o maior consumidor do metal em 2005, tendo passado os Estados Unidos. Os chineses são também os maiores produtores de aço do mundo, com produção de 650 milhões de toneladas por ano, cerca de 50% do total mundial. A América do Norte consome 15% do nióbio exportado pela CBMM, mas os Estados Unidos produzem bem menos aço, cerca de 100 milhões de toneladas por ano. “A China usa menos nióbio por tonelada de aço e por isso mesmo é o nosso mercado de maior potencial.”

Segundo Carneiro, o Japão e a Coreia são os países que mais usam nióbio em carros. Um automóvel médio leva 800 quilos de aço, o que corresponde a 80% do seu peso total. Uma redução de 100 quilos – ou US$ 9 de nióbio acrescido no aço – traz economia de 0,5 litros de combustível por 100 quilômetros andados, redução na emissão de gás carbônico e melhoria na segurança do veículo, que se fica mais resistente a impactos.

“O nióbio é a forma mais barata e eficiente de tornar o aço mais resistente e leve”, diz. Em média são usadas 200 a 300 gramas de nióbio por tonelada de aço. O nióbio tem sido empregado em quantidades cada vez maiores para produzir aço mais resistente para oleodutos, gasodutos, pontes, edifícios, cápsulas espaciais, mísseis, foguetes, reatores nucleares, torres eólicas. Também é usado em supercondutores (e não semicondutores de computadores) de ressonância magnética.

O produto é tido como fundamental para a indústria bélica e espacial dos Estados Unidos, que importa do Brasil até 87% do nióbio de que necessita. O Brasil tem 98% das reservas mundiais exploráveis de nióbio. Além da CBMM, atua no mercado brasileiro a Anglo American, com mina em Catalão (GO). A Anglo American só exporta o produto, mas é responsável por 10% do suprimento de nióbio do mundo. “Abastecemos todo o mercado interno brasileiro com 5% de nossa produção e o resto exportamos”, diz Carneiro.

Outro produtor é a canadense Iamgold, com 10% do suprimento, e a russa Severstal, com menos de 1% da produção. Essas empresas são responsáveis pelo nióbico que vem do pirocloro. Há também o nióbio produzido a partir do tântalo, responsável por 3% do suprimento mundial.

Carneiro conta que nos anos 60 o mercado não existia, mas a CBMM investiu pesado e hoje exporta para mais de 60 países. Enquanto o mercado de aço cresceu 7% em média de 2002 a 2010, o de nióbio cresceu 17%, o que mostra sua inserção cada vez maior no mercado.

Produção de nióbio atrai consórcio asiático que compra 15% da CBMM, operação deve ampliar produção em Araxá – Brasil tem 98% da reserva mundial

Consórcio asiático compra 15% da CBMM

Fonte: Cristiane Perini Lucchesi – Valor Econômico

Nióbio: Grupo de investidores de empresas públicas e privadas do Japão e da Coreia do Sul pagam US$ 1,8 bilhão

Um consórcio de empresas do Japão e Coreia do Sul, do setor privado e estatal, entre elas as siderúrgicas Nippon Steel e Posco, vai comprar 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), controlada pela Brasil Warrants, empresa de participações da família Moreira Salles. A CBMM é a maior produtora de nióbio do mundo, mineral considerado estratégico, usado na indústria siderúrgica para aumentar a resistência e tenacidade do metal, criando ligas de grande resistência, matéria-prima para cápsulas espaciais, mísseis, foguetes e reatores nucleares.

O nióbio serve para a produção de aço inoxidável, semicondutores e é usado em oleodutos e gasodutos. O produto é tido como fundamental para a indústria bélica e espacial dos Estados Unidos, que importa do Brasil até 87% do nióbio de que necessita. O Brasil tem 98% das reservas mundiais exploráveis de nióbio.

O valor do negócio chegou a US$ 1,8 bilhão, diz a “Nikkei”, agência de notícias do Japão.

O líder da transação do lado da CBMM foi o Deutsche, segundo apurou o Valor. Procurados, a empresa e o banco não quiseram se pronunciar. Com sede em Araxá, Minas Gerais, a CBMM é a maior exportadora de nióbio do mundo, responsável por 75% do mercado mundial do produto.

Os outros investidores na CBMM são a JFE Steel, a trading Sojitz Corp. e instituições do governo do Japão e da Coréia do Sul. Vão participar a Japan Oil, Gas and Metals National Corp. (Jogmec), do governo, e o serviço de fundos de pensão na Coreia do Sul. Os japoneses vão ficar com 10% da empresa e os sul-coreanos, com 5%.

A Nippon Steel, a Posco e o resto das empresas no Japão e na Coreia do Sul vão receber em troca da participação uma porção da produção de nióbio compatível com o investimento deles. É a primeira vez que a Jogmec investe em minas de produção depois que lei que passou a tornar isso possível no Japão foi mudada, segundo a “Nikkei”.

Devido à sua importância estratégica e necessidade de crescimento, a empresa precisa investir no aumento da produção. Para captar recursos para esse fim, segundo apurou o Valor, a CBMM chegou a pensar inicialmente em fazer uma emissão inicial de ações (IPO). Mas depois optou por discutir com investidores estratégicos e acabou fechando o negócio com eles.

Em entrevista no fim do ano passado, a CBMM anunciou que pretende expandir a capacidade de produção anual de nióbio de sua unidade em Araxá para 150 mil toneladas em 2015, alta de 66% em relação à atual capacidade de 90 mil toneladas anuais. Em 2010, a produção estimada era de 62 mil toneladas, dos quais 5% são suficientes para suprir toda a demanda nacional.

Apesar da expansão, Carneiro disse, na época, que acredita que a capacidade plena de produção só será atingida em 2020, enquanto em 2015 a demanda mundial deverá elevar a produção da companhia a 110 mil toneladas anuais do nióbio.

O desconhecido metal, a não ser para os técnicos, ganhou fama no final do ano passado, depois que o site “WikiLeaks” divulgou documento secreto assinado em fevereiro de 2009 pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que mostra que alguns recursos naturais brasileiros estão em uma lista de interesses estratégicos de Washington e são considerados “vitais” para a segurança nacional americana.

O documento traz relação de cerca de 300 locais espalhados pelo mundo cuja perda “pode ter um impacto crítico na segurança econômica, saúde pública ou na segurança nacional dos EUA”. A recomendação de Hillary era para que todas as embaixadas produzissem uma lista onde há pontos “críticos de infraestrutura” e “recursos-chave” em cada país. No Brasil, as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO) estavam entre os locais listados pelo governo americano.

Foi no fim de 2006 que a Brasil Warrants comprou parte de 35% da sócia americana Molycorp (controlada pela petroleira Chevron) na CBMM e passou a ter 98,5% do capital total da empresa. Fez um bom negócio. Em 2009, a CBMM obteve receita líquida de R$ 1,91 bilhão. O resultado operacional da companhia, que tem baixo nível de endividamento, atingiu o total de R$ 1,17 bilhão, o que gerou a expressiva margem de 61%. O lucro líquido da mineradora foi de R$ 900 milhões, o que representou margem líquida de 47% no desempenho financeiro do ano de 2009.

A Brasil Warrants nasceu nos anos 50, quando a Brazilian Warrants foi adquirida pelo patriarca Walther Moreira Salles na bolsa de Londres. Na época, era uma grande fazenda em Matão (SP), de 55 mil hectares, que havia sido usada para produzir café antes da crise de 29. Logo foi nacionalizada e virou Brasil Warrants. Aos poucos, partes da fazenda foram sendo vendidas para capitalizar o Unibanco, hoje Itaú Unibanco. (Com Dow Jones Newswires)