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Aécio, Anastasia, Lula e Dilma prestam a última homenagem a José Alencar no Palácio da Liberdade

Homenagem e política no adeus a Alencar

Fonte: Thiago Herdy – O Globo

Durante velório, Lula afirma que, ao se afastar dez dias da política, ficou desorientado e louco por uma reunião

BELO HORIZONTE. Uma fila obediente dava voltas na Praça da Liberdade, no coração de Belo Horizonte, quando o caminhão de Bombeiros apontou no lado oposto do Palácio da Liberdade, antiga sede do governo de Minas.

O carro com o corpo de José Alencar cruzou a praça em meio a quatro mil pessoas com vontade de ver pela última vez o homem que não via o câncer como palavra feia, ao tratar a doença com tranquilidade em entrevistas. O que elas não sabiam é que, intimamente, Alencar viveu momentos de grande sofrimento.

E refletia sobre até que ponto valia continuar aquele sacrifício, se diminuir o volume de remédios seria uma forma de não perder o gosto pela vida. Era um dilema que Alencar compartilhava com o ex-presidente Lula. Essa foi a primeira lembrança que Lula citou ao chegar ao velório e encontrar o senador Aécio Neves (PSDB). Foi o primeiro encontro dos dois adversários desde que Lula deixou o poder.

Mas, apesar da promessa de oposição altiva ao governo petista, seguidamente repetida por Aécio, a relação dos dois parece ter voltado ao clima que marcou os últimos oito anos.

– Vamos nos encontrar para conversar um pouco, em Brasília ou qualquer lugar por aí – disse Lula a Aécio. – Dez dias fora da política, já estou desorientado, estou louco para fazer pelo menos uma reunião – continuou Lula. – É, política só tem mesmo porta de entrada, não tem jeito de sair – respondeu o tucano. O ex-presidente contou ao mineiro que nas próximas semanas pretende fazer viagens pelo Brasil. Aécio comentou que também tem sido muito cobrado para viajar, mas brincou dizendo que Lula, agora, está em outro patamar: virou um político que se coloca praticamente acima de questões partidárias.

Aécio levou Lula para cumprimentar a irmã, Andréa, e a mãe, Inês Maria. Do outro lado do caixão, a presidente Dilma Rousseff conversava com os bisnetos de Alencar, ao lado da mulher de Lula, Marisa Letícia, e da viúva Mariza. A conversa foi interrompida para o início de uma oração, celebrada pelo arcebispo de BH, Dom Walmor Oliveira. Olhando para Alencar no caixão, Lula chorou mais uma vez. Dilma dividia o olhar entre o caixão e o ex-presidente à sua frente, como se temesse que o amigo passasse mal.

Aécio Neves passa mal e precisa de atendimentoPor ficar em pé ao lado do caixão por quase duas horas, Aécio não aguentou e saiu às pressas da cerimônia. Branco, suando e quase sem conseguir andar, o senador precisou ser atendido por paramédicos. O susto durou 20 minutos. Pouco tempo depois ele desceu e se encontrou novamente com Lula, Dilma, o governador mineiro, Antonio Anastasia, e a família de Alencar. Aécio levou Dilma e Lula até o carro na hora de eles deixarem o velório. – Marcamos para conversar um pouco mais aí para frente – repetiu Lula.

O corpo de José Alencar foi levado em uma limusine preta até o Cemitério e Crematório Parque Renascer, na Grande BH, onde foi cremado depois de três salvas de tiros de festim e 21 tiros de canhão.

‘Esta história não vai parar
Professora continua busca para ser reconhecida como filha

BELO HORIZONTE. A professora aposentada Rosemary de Morais, de 55 anos, que pleiteia na Justiça ser reconhecida como filha do ex-vice-presidente da República José Alencar, disse ontem ter ficado muito chateada por não ter tido a chance de resolver a questão da paternidade com ele ainda em vida. De Caratinga, no interior de Minas Gerais, ela assistiu pela televisão à cobertura do velório e da cremação do suposto pai.

– Não fui a Belo Horizonte porque não ia ser bem aceita lá. Queria ter conversado com ele em vida, para mostrar quem eu sou, a filha que ele tem. Todo pai gosta de conhecer a pessoa que ele colocou no mundo. Agora, não adianta mais – disse a professora.

Perguntada se temia não conseguir mais obter material genético para exame de DNA do suposto pai, por causa da cremação do corpo, ela disse não saber o impacto disso no processo.

– Não entendo os detalhes. A única coisa que eu sei é que esta história não vai parar – disse a professora, demonstrando interesse em continuar brigando pelo reconhecimento da suposta paternidade.

O caso ainda está em curso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a quem os advogados de Alencar recorreram depois de o juiz de Caratinga José Antônio Cordeiro autorizar a professora a ser registrada com o sobrenome do ex-vice-presidente. Alencar sempre se recusou a fazer o exame de DNA. Para o advogado da professora, Geraldo Jordan de Souza, cabe à família do político contestar a alegação de paternidade, uma vez que já existe uma decisão favorável à sua cliente na Justiça.

Rosemary tinha 43 anos quando a mãe lhe mostrou a foto do filho de Alencar no jornal, Josué Gomes da Silva, dizendo-lhe que ele era seu irmão. Durante a campanha de Alencar ao Senado, em 1998, conseguiu se aproximar do suposto pai e dizer que era sua filha. Um assessor anotou seus telefones, mas ela nunca mais conseguiu fazer novos contatos.

Segundo Rosemary, sua mãe, a enfermeira Francisca Nicolina de Morais, teria ficado grávida de Alencar na época em que ele ficou noivo, por isso os dois não se encontraram novamente.

Anos depois, questionado sobre o motivo de não ter aceitado fazer o exame de paternidade, Alencar insinuou que Francisca era prostituta, dizendo que “são milhões de casos de pessoas que foram à zona”.

– Ele era considerado um homem íntegro e justo por todos. Mas, comigo, faltaram esses detalhes muito importantes. Nada justifica um pai não reconhecer um filho – disse ela.

Velório de José Alencar atrai mais de seis mil pessoas – ‘O maior legado que nos deixa é que vale a pena viver’, disse Aécio Neves

Velório de José Alencar atrai milhares e une políticos de todos os partidos

Fonte: Eugênia Lopes e Leonêncio Nossa – O Estado de S.Paulo

Cerimônia de adeus ao ex-vice-presidente, com honras de chefe de Estado, reúne mais de 8 mil pessoas no Planalto; Lula chora copiosamente

Ex-vice-presidente da República José Alencar (PRB) foi velado ontem no salão nobre do Palácio do Planalto com honras de chefe de Estado. Um público eclético participou do velório: ministros, governadores, políticos de todos os partidos, integrantes do Judiciário, empresários, servidores e populares. Até as 22h30, 8,1 mil pessoas haviam enfrentado filas e um forte esquema de segurança para ver de perto o corpo do ex-vice-presidente.

Depois de mais de 13 anos com um câncer no abdome, Alencar morreu de falência múltipla dos órgãos na tarde de anteontem.

Um dos momentos mais emocionantes foi a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao velório, por volta das 21h20. Ele e a presidente Dilma Rousseff estavam em Portugal, onde Lula recebeu um título da Universidade de Coimbra (veja box nesta página). Ao chegar, Lula abraçou demoradamente o filho do ex-vice, Josué Gomes da Silva. Emocionado, não conseguiu falar e permaneceu um bom tempo segurando a mão do empresário. Ao lado do caixão, Lula chorou copiosamente. Enxugando as lágrimas, segurou as mãos e beijou a testa do seu ex-vice.

A mulher de Alencar, Mariza Gomes da Silva, e o filho Josué consolaram o ex-presidente. Dilma se aproximou do caixão e se abaixou, em sinal de reverência. Populares continuavam a chegar ao Planalto para a última homenagem a Alencar.

Lula e a presidente Dilma acompanham hoje, em Belo Horizonte, a cerimônia de cremação de Alencar, às 14h, no Cemitério Parque Renascer. O governo mineiro organiza um velório aberto ao público no Palácio da Liberdade, de 9h às 13h.

O secretário-geral da CNBB, d. Dimas Lara, celebrou na noite de ontem uma cerimônia em que enfatizou o otimismo de Alencar. “Ele dizia: “Não tenho medo da morte. A minha vida está nas mãos de Deus””, relembrou.

Honras. O corpo de Alencar chegou à base aérea de Brasília, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), às 10h. Meia hora antes, os familiares de Alencar desembarcaram e foram recebidos pelo vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e pelos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Houve cortejo fúnebre num carro do Corpo de Bombeiros na principal via da capital federal. Às 11h, o caixão foi conduzido pela rampa do Planalto até o salão nobre, ornado com 154 coroas de flores, sob aplausos de autoridades e funcionários.

Na presença de ministros do Executivo e do Judiciário, governadores e parlamentares, d. Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico do Brasil, celebrou uma missa. “Ele era um homem de uma fé inquebrantável em Deus”, disse.

A primeira parte do velório foi fechada e teve a presença apenas das autoridades e de familiares. Às 12h50, o velório foi aberto para populares, que fizeram filas para dar adeus ao ex-vice-presidente. O acesso ao público foi permitido a um metro do caixão. Mesmo com forte esquema de segurança, revista e detectores de metais, centenas de pessoas tiraram fotos com celulares ao se despedirem de Alencar.

Suprapartidário. Políticos de todas as tendências compareceram. “Muitas vezes fui visitá-lo no hospital. Nunca me encontrei com um moribundo, mas com um homem que pensava no dia seguinte. O maior legado que nos deixa é que vale a pena viver”, disse o ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“Ele era um homem de diálogo antes de tudo, além da fé que ele demonstrou, da bravura e da luta pela vida”, disse o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que em 94 derrotou Alencar na disputa pelo governo de Minas.

O ex-ministro José Dirceu disse que perdeu “quase um pai”. “O Zé era um amigo sempre presente, uma mão que me amparava, me protegia, me levantava”, declarou. Dirceu lembrou que, em 2002, Alencar superou a resistência de parte do PT que era contrária à sua indicação como vice de Lula. “Ele esteve mais à esquerda do que muita gente do PT. Era uma grande alma. Fica a saudade, a perda de um amigo com grande coração. Ele até conseguiu ser um filiado de honra do PT, o que foi inédito”, disse.

Dobradinha
Dias antes de morrer, José Alencar brincou no hospital: “Lula me convidou para ser vice em 2018. Os médicos vão ter de me segurar mais oito anos”, disse, segundo o ministro Gilberto Carvalho.

José Alencar: conheça a trajetória do político e empresário que criou um império da indústria têxtil

Da escola de taipa em Minas ao império têxtil

Fonte: Jaqueline Falcão –  O Globo

Responsável por 20% do consumo nacional de algodão, Coteminas abastece Estados Unidos, Europa e Mercosul

SÃO PAULO. De balconista de loja de tecidos, o ex-vice-presidente José Alencar se transformou num dos maiores empresários do setor têxtil e fundador de um império industrial comandado pela Coteminas, empresa que fundou na década de 60 em Minas Gerais. O filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva nasceu pobre. Estudava numa escola de taipa e começou a trabalhar na loja do pai aos 7 anos de idade. Aos 14, saiu de casa para trabalhar como balconista na loja de tecidos A Sedutora. Depois, foi para Caratinga, onde continuou a trabalhar como balconista.

Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha A Queimadeira, cujo nome foi sugerido por um viajante português, o “sr. Lopes”, sob o curioso argumento de que, “se fosse um bar, seria Bar Cristal; mas não é bar, então é A Queimadeira, porque vai vender barato…”. Ali se vendia de tudo: tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas. Alencar notabilizou-se como grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior.

Alencar manteve a loja até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo. Entrou no ramo de cereais e foi sócio da Fábrica de Macarrão Santa Cruz. Após a morte do irmão Geraldo, em 1959, assumiu os negócios na empresa União dos Cometas.

Em 1967, com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira (até hoje sócio do grupo), Alencar fundou, em Montes Claros, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, a Coteminas, com subsídios da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).

Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu. A Coteminas, que conta com 15 fábricas no Brasil, cinco nos EUA, uma na Argentina e uma no México, e 16 mil funcionários, é a maior empresa do setor têxtil do país e um dos mais importantes grupos econômicos do Brasil. Além do mercado interno, abastece Estados Unidos, Europa e Mercosul. Sozinha, a Coteminas é responsável por 20% do consumo nacional de algodão.

Em 2005, uniu-se ao grupo americano Springs, a maior indústria têxtil de artigos de cama e banho do mundo. Surgiu a Springs Global S.A, que fatura US$ 2,4 bilhões por ano. Cada sócia ficou com 50%. Em 2009, a Coteminas pagou R$ 55 milhões pelo controle da rede MMartan, de cama, mesa e banho.

Em 2010, o grupo ergueu uma fábrica na Argentina, a primeira no exterior. Em 1997, arrematou a Artex, fabricante de toalhas, e a Santista, de lençóis. Hoje, mais de 65% das cotas de exportação de tecidos brasileiros para os EUA são da Coteminas.

O vice que assumiu o poder por mais tempo
Alencar assumiu Presidência por mais de um ano: 398 dias

O ex-vice-presidente José Alencar exerceu o posto máximo do Executivo brasileiro durante 398 dias entre 2003 e 2010. O levantamento se refere ao tempo em que Luiz Inácio Lula da Silva estava no exterior, segundo dados do Palácio do Planalto. Desde a redemocratização, foi o vice que mais tempo assumiu o poder no Brasil.

No 1º mandato de Lula, Alencar assumiu o cargo em 61 ocasiões. No 2º, o maior número de viagens internacionais de Lula fez com que o vice assumisse o exercício do cargo 76 vezes.

O mineiro ocupou o cargo mesmo durante períodos em que esteve internado. O artigo 80 da Constituição prevê que, “em caso de impedimento do presidente e do vice-presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal”. Mas, mesmo internado, ele nunca se declarou impedido.

Coube a Alencar sancionar leis importantes. Uma delas foi a que prevê que hotel, motel, pensão ou estabelecimento do gênero que for pego com criança ou adolescente, acompanhando ou sem autorização dos pais, poderá ser definitivamente fechado. Também sancionou a lei que torna filosofia e sociologia obrigatórias no ensino médio e vetou os artigos da lei que tornam invioláveis os escritórios de advocacia em investigações policiais.

Alencar era o presidente em exercício quando ocorreu a tragédia do voo AF 447 da Air France, que desapareceu quando fazia o trajeto Rio-Paris. Ele deu informações para a imprensa sobre as investigações e decretou o luto oficial.

José Alencar: Em meio à luta contra a doença, fidelidade a Lula, críticas às taxas de juros e até polêmica sobre paternidade

Dupla de Silvas virou sinônimo de popularidade

Fonte: O Globo

Em meio à luta contra a doença, fidelidade a Lula, críticas às taxas de juros e até polêmica sobre paternidade

Nas eleições de 1989, o industrial mineiro José Alencar Gomes da Silva entrou na cabine eleitoral disposto a cravar o número 13 e eleger presidente o ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da urna, contudo, recuou e anulou o voto. “Tive medo”, admitiu. Treze anos depois, emprestaria o nome e o prestígio acumulado no mundo do capital para compor a chapa vitoriosa de Lula e do Partido dos Trabalhadores.

A “conversão” de Alencar começou num bate-papo entre mineiros, em 2000. Após desentendimentos com o governador Itamar Franco, ele confidenciou ao então deputado petista Nilmário Miranda: “Penso em marchar com a esquerda”. A aproximação se iniciou numa grande festa, em dezembro do mesmo ano, celebração dos 50 anos de vida empresarial de Alencar. Para contar com Lula, a data do evento foi até adiada. Dois meses depois, os dois jantaram juntos e Alencar disse o que aguardava do futuro governo: sensibilidade social, probidade administrativa, sentimento nacionalista.”Tive amor à primeira vista”, disse Lula em 2001.

Infância pobre em Minas
A empatia pode se explicar no passado de ambos: eles têm o mais brasileiro dos sobrenomes, não passaram do ensino fundamental, nasceram no interior do país num mês de outubro, foram líderes sindicais e casaram-se com mulheres com o mesmo nome: Marisa – no caso de Alencar, Mariza.

O Silva que ficou bilionário nasceu pobre, em Itamuri, povoado da cidade de Muriaé, em Minas. Foi o 11o- dos 15 filhos de Antônio Gomes da Silva, pequeno comerciante, e Dolores Peres Gomes da Silva, dona de casa. “O recém-nascido trazia consigo dons e atributos de um predestinado”, relata, sem modéstia, o perfil de Alencar no site da Coteminas, o conglomerado têxtil que criou.

Alencar estudou até a 1a- série do antigo curso ginasial, numa escola de taipa. Aos 7 anos, trabalhava com o pai na pequena loja de tecidos da família.

Aos 14, achou que deveria ganhar o mundo. Mudou-se para Muriaé. Era vendedor na loja A Sedutora. Dormia no corredor de um pequeno hotel – o salário não dava para pagar um quarto. Quatro anos depois, foi para Caratinga e, com dinheiro emprestado pelo irmão Geraldo – 15 mil contos -, abriu a primeira loja, A Queimadeira, de tecidos baratíssimos. Foi a semente do império que hoje, além da Coteminas – holding das marcas Artex, Calfat, Santista e Garcia, que emprega em 11 fábricas mais de 16 mil pessoas -, inclui negócios em hotelaria e agropecuária, especialmente criação de gado nelore e produção de cachaças artesanais, orgulho de Alencar.

O comando dos negócios passou ao filho mais velho, Josué Cristhiano, quando Alencar completou 60 anos e começou a pensar na aposentadoria.

Imaginou três destinos para si: um curso supletivo e o vestibular para Direito, ir para o exterior estudar línguas ou, claro, a política. Apesar do gosto pelo estudo, sempre feito de forma autodidata e com professores particulares, ficou com a última opção. Filiou-se ao PMDB.

Alencar atuou no sindicalismo patronal. Presidiu a Fiemg, a federação das indústrias mineiras. Mas não experimentara a política partidária. Começou por cima: em 1994, concorreu ao governo mineiro. Perdeu, e o estudo no exterior voltou à mente. Durou pouco. Em 98, foi eleito senador com mais de três milhões de votos, em campanha milionária bancada por ele. No Senado, apesar de ser do PMDB, Alencar não seguia à risca as orientações do governo.

Apoiou, por exemplo, a criação de uma CPI da Corrupção para investigar o governo Fernando Henrique. O presidente pediu-lhe pessoalmente que revisse a decisão, sem sucesso. Alencar enviou-lhe uma carta explicando as razões. E foi perdoado: foi convidado para ser ministro.

Em janeiro de 2001, foi jantar a sós com Fernando Henrique no Palácio da Alvorada. Ao pisar os salões de mármore, notou que os sapatos rangiam constrangedoramente. Eram mocassins suíços de couro, da marca Bally, novíssimos – uma de suas poucas concessões à vaidade. Justificou-se ao anfitrião: “Aprendi que devemos usar a melhor roupa para encontrar uma autoridade”.

O ano de 2001 também marcou o início da aproximação com Lula, que sonhava em ampliar alianças para chegar ao poder. O petista não foi o único a cortejar Alencar, que trocara o PMDB pelo ex-PL, hoje PR. Na disputa de 2002, Anthony Garotinho e Ciro Gomes também o assediaram. O namoro com Lula, porém, já estava engatado.

Em plena articulação da aliança, Alencar recebe o diagnóstico de câncer na próstata. Não era o primeiro tumor – em 1997, fora operado no rim e no estômago, no mesmo dia -, mas passou por nova cirurgia e se recuperou bem. As primeiras suspeitas da doença – não confirmadas – ocorreram em 1959. Com dois anos de casada, Mariza Gomes fez uma promessa: não usaria mais joias. Até hoje carrega apenas a aliança.

Logo depois da retumbante vitória e da posse apoteótica em Brasília, a paixão entre Lula e o ex-vice teve abalos. No poder, Alencar manteve o discurso de campanha – e de oposição. Atacar sem tréguas a taxa de juros se tornou bordão em discursos e entrevistas. Num país acostumado aos oito anos de silêncio de Marco Maciel, o vice de Fernando Henrique, as palavras duras de Alencar incomodavam o Planalto.

Discurso contra juros e CPMF
Em março de 2003, o ex-vice disse que havia irresponsabilidade fiscal no país. Em abril, pediu uma reforma tributária que não fosse um “arremedo” e condenou a cobrança da CPMF: “Não precisa existir CPMF, não pode existir. Ou então que exista só ela”. No meio daquele ano, confessou a amigos sentir-se desalojado no governo.

E reforçou: “É quase uma revolução democrática e específica questionar o regime de juros no Brasil”. Em agosto, deu o ano por perdido: “A saída não é pelo Copom. A saída é pelo trabalho, pela produção”. As críticas, contudo, eram acompanhadas de elogios ao ex-ministro Antonio Palocci e, claro, a Lula.

Em novembro de 2004, Alencar ganha de Lula a difícil missão de assumir o Ministério da Defesa após uma crise no Exército desencadeada com a divulgação de fotos erroneamente identificadas como sendo do jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar em 1975. Alencar substituiu o diplomata José Viegas com o discurso conciliador dos mineiros. Ficou no cargo até maio de 2006. Sem deixar as críticas à economia. “Nosso discurso de campanha ainda não assumiu o poder”, disse, em março de 2005.

O ano de 2005 foi tomado pelas denúncias do esquema do mensalão. Alencar, então do PL, um dos partidos atingidos, sempre defendeu o presidente, isentando-o de qualquer responsabilidade pelos delitos. Mas ele estava com Lula no apartamento em que José Dirceu e Valdemar Costa Neto negociaram repasses do PT ao PL. A versão oficial é de que Lula e Alencar não ouviram, porém, a conversa.

Antes do escândalo, cresceram até especulações de que Lula gostaria de disputar a reeleição com outro vice. Mas, em 2006, reeditaram a chapa vitoriosa dos Silva, com Alencar pelo novíssimo PRB, ligado à Igreja Universal. O câncer voltou em julho daquele ano eleitoral. Alencar retirou um tumor de quatro centímetros da região abdominal. Internado, assumiu a Presidência. Ao sair do hospital, disse: “O médico me deu alta. Daqui para a frente ele não manda
mais.”

Teste de DNA foi recusado
Em 2010, os brasileiros tomaram conhecimento da tentativa, por meio de ação na Justiça, da professora aposentada Rosemary de Morais, hoje com 55 anos, de ser reconhecida como filha de Alencar. Ela seria fruto de um relacionamento do ex-vice-presidente com Francisca Nicolina de Morais em 1955. Ela foi à Justiça para tentar obrigá-lo a reconhecer a paternidade, mas ele se negou e recorreu. O então vice alegou que conheceu a mãe de Rosemary numa zona de prostituição. “Todo mundo que foi à zona um dia pode ser pai. São milhões de casos de pessoas que foram à zona”, declarou na época. Procurada ontem, Rosemary não quis falar. Pelo marido, afirmou que ficou triste com a morte de Alencar, mas que o assunto está encerrado.

O escândalo veio à tona quando já era pública a doença de Alencar, cujo sofrimento de internações em internações comovia brasileiros. Afinal, ele sempre falou do câncer com otimismo e rara transparência. À saída de mais uma internação, em 6 de janeiro de 2008, o sorriso pareceu hesitante pela primeira vez: “Rezem por mim. O negócio está feio”.

Mas foi vitorioso na luta contra a doença ainda por mais de dois anos. No início de 2009, disse que não tinha medo da morte: era preciso encará-la.

Em agosto do mesmo ano, chegou a dizer que, se pudesse comemorar seu aniversário – em outubro -, seria porque o tratamento o fez “renascer”. Alencar fez, ao todo, 17 cirurgias em 13 anos. Ano passado, foi homenageado com o Prêmio Faz Diferença, do GLOBO, pela transparência que deu à luta contra o câncer.

 

Aécio Neves diz que José Alencar foi um guerreiro: ‘Eu acho que fica aí um exemplo para nós todos de um homem público que honra Minas’

Aécio Neves diz que José Alencar foi um construtor de pontes

Fonte: Assessoria de Imprensa do senador Aécio Neves

Senador Aécio Neves
“Foi  um guerreiro durante toda sua vida.  Jose Alencar tinha características raras num político. Um empreendedor,  um dos maiores do Brasil, permitiu a geração de milhares de empregos em boa parte do território nacional, mas um obstinado sobretudo pela vida. Jose Alencar iniciou sua atuação política um pouco mais tarde, mas demonstrando sempre um enorme espírito público, um desprendimento permanente e uma vontade de viver que nos emociona a todos. Acho que fica um exemplo muito forte para todos nós de que é possível termos homens públicos sintonizados com a realidade do país com o desenvolvimentismo, com o fortalecimento das atividades econômicas. Ele compreendia como poucos a necessidade de ampliarmos as parcerias do Estado com o setor privado. Talvez nisso tenha se frustrado um pouco com as tímidas iniciativas do governo do qual participou. Mas, sobretudo um mineiro na essência. Ele gostava sempre em cantar em verso e prosa as suas origens, a sua trajetória como menino pobre do interior que se transformou num dos maiores empresários do país e uma referência para a vida pública brasileira. Fica uma lacuna, mas, nesta hora, temos que  lembrar sempre dos exemplos e nós, brasileiros, e mineiros em especial, saberemos nos lembrar do legado de Jose  Alencar.

Minas esta mais triste hoje, senador?
Sem dúvida. Nós acompanhamos sempre com muita solidariedade a luta de José  Alencar pela vida. Eu tive a oportunidade de estar quase uma dezenas de vezes com ele internado e muitas outras em seu apartamento, já no período mais agudo da sua doença, ele nunca baixou a guarda. Ele sempre acreditava num sopro de vida, numa chance de recuperação e essa crença dele fez com que ele adiasse tantas vezes seu encontro com o Criador. Acho que chegando ao céu certamente o Criador vai dizer a José Alencar: “Você resistiu hein!”  Fica a lembrança de um homem sempre cordial, amável, afável e um construtor de pontes. Jose Alencar sempre buscou o diálogo com a oposição nos termos que interessava ao país. Esta, do ponto de vista de sua trajetória de homem público, de sua trajetória política, talvez seja a sua maior marca. Um homem que construiu pontes e ajudou o país a avançar.

Como é que define a morte deste mineiro?
Minas  está de luto hoje não poderia ser diferente. José Alencar foi um homem público completo. Ele soube trazer à discussão política temas da contemporaneidade, temas que interessam à vida dos cidadãos, temas que interessam ao setor produtivo brasileiro. E foi, na sua doença, um guerreiro, demonstrou um altivismo, uma galhardia, poucas vezes vistos. Fica aí um exemplo do homem público completo, ao qual, independente de partidos políticos, fomos adversários no campo nacional, mas, independente de partidos políticos, merecerá sempre o respeito de todos nós. O Brasil hoje está de luto, mas os mineiros, em especial, sentirão a falta. Se lembrarão sempre dos exemplos, da coragem cívica deste  grande brasileiro, meu amigo  pessoal,  que foi José Alencar.

Como estar em campos políticos opostos é um grande líder?
Ele foi um construtor de pontes, sempre. Soube ser mineiro na inteireza do que isso possa representar na atividade política. Valorizava as suas raízes. Um contador contumaz de histórias, mostrava a trajetória que percorreu pra chegar aonde chegou.  E chegou a vida pública já maduro, mas  com uma generosidade muito grande.  Eu acho que ele foi muito importante para temas essenciais ao Brasil pudessem ter sido negociados com a oposição. Foi um parceiro do meu Governo em Minas Gerais durante os oito anos. Muitas vezes recorremos a ele, e cito um exemplo recente: estamos agora implementando, no Triângulo Mineiro, talvez o maior pólo de fertilizantes da América Latina,  e ele teve um  papel fundamental nisso junto à Petrobras que resistia a essa ideia. Então, na prática também, ele ajudou muito no desenvolvimento de Minas Gerais. Mas o exemplo da sua luta, da sua coragem ao enfrentar, como eu disse, com enorme altivez a doença, é o mais marcante para todos nós. Acho que todos os brasileiros se sentiram, ao longo desses últimos anos, um pouco parte da família e do próprio sofrimento de José Alencar.

Antonio Anastasia destaca trajetória de José Alencar e decreta luto oficial por 7 dias

Antonio Anastasia destaca trajetória política de José Alencar

Fonte: Agência Minas

BELO HORIZONTE  O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, decretou, nesta terça-feira (29), sete dias de luto oficial no Estado pelo falecimento do ex-vice-presidente José Alencar. Assim que soube do falecimento, Antonio Anastasia prestou solidariedade à família e destacou a trajetória de vida de José de Alencar como um exemplo para todos os brasileiros. O velório de José Alencar, em Belo Horizonte, será realizado na manhã da próxima quinta-feira (31), no Palácio da Liberdade.

“Minas  já deu muitos exemplos para o Brasil de vida e de luta. Poucos foram tão marcantes como é o caso do empresário, político e cidadão José  Alencar.  Vem à minha lembrança, agora, uma frase de outro grande mineiro, Guimarães Rosa, que dizia que ‘as pessoas não morrem, ficam encantadas’. É o caso do José Alencar. Um exemplo de resistência, persistência e esperança. À família que acompanhou suas batalhas, o nosso pesar, nossa solidariedade, o nosso abraço”, comentou o governador.

Em entrevista, o governador de Minas destacou a generosidade do ex-vice-presidente e a sua luta contra o câncer.

“Um exemplo de vida, um grande cidadão, empresário vitorioso, grande político e que demonstrou, no final da vida, além de tudo, uma grande força, uma força espiritual para combater a doença, ter fé, acreditar em Deus, ter muita esperança, persistência e resistência. O vice-presidente José Alencar é um homem, primeiro, de coração muito generoso e um político mineiro no sentido tradicional e muito bom da expressão. Aquele que gosta da boa conversa, dos velhos casos, da tradição da política mineira, do conhecimento das pessoas e, especialmente, do tratamento respeitoso, republicano e sempre com muita cortesia e muita gentileza”.

Anastasia afirmou que a participação de José Alencar na política brasileira foi de extrema dedicação ao serviço público.

“Em todas as vezes, e foram muitas, que estive com o vice-presidente, mais do que tudo, a marca sempre foi exatamente a gentileza, o carinho no trato, a lhaneza no trato, o estímulo muito grande para nós todos mineiros termos no político uma imagem positiva, uma imagem de coragem, de correção, de ética e, mais do que tudo, de dedicação ao serviço público. Ainda mais ele, que é um homem vitorioso na área privada, que já veio vitorioso na área privada para o setor público e comprovou exatamente isso, uma espécie de uma doação da sua vida vitoriosa também para o serviço público”.

Confira entrevista do governador Anastasia sobre falecimento do ex-vice-presidente José Alencar

O que ficou de José Alencar na vida pública?

Em primeiro lugar, é uma grande tristeza para todos nós, mineiros e brasileiros, o falecimento do ex-vice-presidente José Alencar. Um exemplo de vida, um grande cidadão, empresário vitorioso, grande político e que demonstrou, no final da vida, além de tudo, uma grande força, uma força espiritual para combater a doença, ter fé, acreditar em Deus, ter muita esperança, persistência e resistência. É um exemplo, um exemplo de luta e de coragem para todos os brasileiros, especialmente para nós mineiros. Nós, mineiros, estamos muito orgulhosos de sua vida e queremos, naturalmente, levar à família o nosso abraço, a nossa solidariedade e dizer que seu exemplo ficará para sempre como um exemplo de coragem para todos nós, mineiros.

Como político, principalmente como duas vezes vice-presidente, qual é a marca de José Alencar?

Muito diálogo. O vice-presidente José Alencar é um homem, primeiro, de coração muito generoso. Nós o conhecemos muito bem e um político mineiro no sentido tradicional e muito bom da expressão. Aquele que gosta da boa conversa, dos velhos casos, da tradição da política mineira, do conhecimento das pessoas e, especialmente, do tratamento respeitoso, republicano e sempre com muita cortesia e muita gentileza.

O Governo do Estado já programou alguma homenagem pra ele?

Nós aguardamos, agora, o posicionamento da família para saber quais serão os procedimentos. E, naturalmente, estamos aqui solidários e queremos prestar também essa homenagem. Não só declarando em Minas o luto oficial, mas também prestando homenagem, conforme a família assim dispuser.

Como político e na vida pessoal, governador, o que ele deixou para o senhor como pessoa, como político?

Em todas as vezes, e foram muitas, que estive com o vice-presidente, mais do que tudo, a marca sempre foi exatamente a gentileza, o carinho no trato, a lhaneza no trato, o estímulo muito grande para nós todos mineiros termos no político uma imagem positiva, uma imagem de coragem, de correção, de ética e, mais do que tudo, de dedicação ao serviço público. Ainda mais ele, que é um homem vitorioso na área privada, que já veio vitorioso na área privada para o setor público e comprovou exatamente isso, uma espécie de uma doação da sua vida vitoriosa também para o serviço público.

Pressão de Aécio Neves e José Alencar garantiu a fábrica de amônia e ureia no triângulo mineiro, revela Blog do PCO

Esta saiu na pressão

Fonte: Blog do PCO

O protocolo que a presidente Dilma e o governador Anastasia assinam hoje, em Uberaba, tem muito da luta de lideranças da região, mas especialmente do ex-vice-presidente José Alencar e o ex-governador Aécio Neves (foto). Amanhã completa um ano que os dois, por proposta de Aécio, estiveram no Rio, na sede da Petrobras para, numa reunião do Conselho de Administração da estatal, defender a implantação da fábrica de amônia e ureia no triângulo mineiro. A Petrobras planejava construir duas usinas produtoras, em Três Lagoas, no Mato Grosso, e Linhares no Espírito Santo. Uberaba era carta fora do baralho de investimentos. Depois de conversarem com os conselheiros da Petrobras, Alencar e Aécio conversaram com a então ministra Dilma, da Casa Civil, que era também presidente do Conselho Administrativo da empresa. Em princípio, apesar da pressão do vice-presidente, ela resistiu, mas acabou cedendo após o compromisso do governador de que a Cemig e a Gasmig construiriam o gasoduto, de São Carlos, em São Paulo, num investimento superior a R$ 500 milhões, assegurando o insumo básico para a produção do fertilizante.

Link da matéria: http://www.blogdopco.com.br/index.php?pag=1

PRB, partido de José Alencar, nega apoio a Hélio Costa e anuncia que candidato do partido é Antonio Anastasia para governador de Minas Gerais

Partido de José Alencar (PRB) confirma apoio a PSDB em Minas

Fonte: Isabella Souto – Estado de Minas

O PRB mineiro anunciou no início da tarde o apoio formal à reeleição do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) e coligação com o PSDB na disputa pelas cadeiras de deputado estadual e federal. A decisão foi tomada por unanimidade pelos oito integrantes da Executiva Estadual do PRB e comunicada aos filiados durante a convenção realizada neste domingo em Belo Horizonte. Na disputa presidencial, o PRB vai estar ao lado da petista Dilma Roussef – configurando em Minas Gerais o chamado voto “Dilmasia”.

Com a aliança com os tucanos, o PRB quer garantir a eleição de seus candidatos para a Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Há semanas a legenda vinha conversando com a direção da chapa PMDB-PT mas não entraram em acordo sobre uma aliança na chapa proporcional. A proposta foi então apresentada pelo PSDB.

“A nossa preocupação maior é com os candidatos a deputado federal e estadual. Se esperássemos mais, íamos ficar sem ninguém”, afirmou o presidente estadual do PRB, Rogério Colombini. A chapa do partido tem oito candidatos a deputado federal e 20 a estadual.

Com a decisão, o diretório mineiro está descumprindo orientação da direção nacional, que recomendou o apoio nos estados aos candidatos de partidos da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O vice-presidente José Alencar participou, no sábado, da convenção nacional do PRB, ao lado do senador Hélio Costa (PMDB) e do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), que integram a chapa aliada em Minas como candidatos a governador e vice-governador.

Colombini evitou comentar a posição do vice-presidente e maior estrela do partido dele. “Ele vai decidir o que fazer. Não vou cobrar nada do vice e respeito a decisão dele. Nós não temos que discutir a questão José Alencar.”

Noblat fica indignado com manobra do PT: “Sucessão em Minas – Alencar merece mais respeito”

Sucessão em Minas – Alencar merece mais respeito

Fonte: Blog do Noblat

Manobra política alguma nos dias que correm é mais desumana do que essa de lançar o vice-presidente da República José Alencar como candidato ao governo de Minas Gerais.

Ela tem a ver com a necessidade da campanha de Dilma Rousseff à sucessão de Lula de juntar PT e PMDB. Alencar pintou como o único nome capaz de realizar tal proeza.

O PT tem candidato à vaga do governador que disputa a liderança das pesquisas de intenção de voto – o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.

E tem um aspirante à mesma vaga que eleitoralmente não pode ser subestimado – o atual ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias.

A maioria do PT mineiro apóia a candidatura de Pimentel.

O candidato do PMDB a governador é forte – o ministro Hélio Costa, das Comunicações. Flerta com Aécio Neves (PSDB) e espera que Lula e Dilma tirem Pimentel e Patrus do seu caminho.

Como a tarefa se revela difícil, os pragmáticos do governo, à frente o próprio Lula, sacaram a jogada de estimular Alencar a concorrer ao governo.

A idéia original dele era a de se candidatar a uma das duas vagas ao Senado. Ganharia a eleição sem sair de dentro de casa, conforme admitem políticos de todos os partidos.

Alencar angariou o respeito dos brasileiros por exercer de forma impecável a função de vice-presidente. E virou unanimidade pela forma corajosa, desabrida e transparente com que enfrenta o câncer.

Parecia destinado à morte em breve, tal a agressividade da doença e o insucesso do seu tratamento.

De alguns poucos meses para cá, a doença foi contida e regrediu. Nem de longe isso significa ainda previsão de cura.

Alencar é um homem idoso. Mesmo que um dia os médicos o declarem curado, atravessará o resto dos seus anos sob rigorosos cuidados.

É de uma crueldade atroz empurrá-lo para a disputa de um cargo que exige muito do seu ocupante.

A família de Alencar é contra o que ele aparece aceitar com seu natural entusiasmo pela vida e por desafios.

Médicos que acompanham em Sáo Paulo o estado da saúde de Alencar observam que ele não deveria ser candidato ao governo.

Se ele contrariar o desejo da família e a opinião dos médicos, assistirá em seguida à vergonhosa batalha a ser travada nos bastidores dos partidos pelo lugar de vice em sua chapa.

O PT avisou que o lugar é seu. Patrus saiu na frente e conversou com Alencar a respeito. Pimentel pode acabar como um dos coordenadores da campanha de Dilma.

O PMDB também quer o lugar de vice.

É isso o que Alencar merece?

Com a palavra, Lula e Dilma.

Link do post: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/08/sucessao-em-minas-alencar-merece-mais-respeito-264505.asp

Aécio Neves se encontra com José Alencar no Palácio Mangabeiras

O governador Aécio Neves se reuniu com o vice-presidente da República, José Alencar, nesta segunda-feira (8), no Palácio das Mangabeiras. Durante o encontro, o governador convidou o vice-presidente para participar da inauguração da Cidade Administrativa de Minas Gerais, marcada para 4 de março. O conjunto de prédios, localizado na região Norte de Belo Horizonte, abrigará todas as secretarias de Estado e órgãos públicos da administração direta do Governo de Minas.

“Eu sempre fui um entusiasta daquela obra e falei mesmo com o governador Aécio que temos Minas antes e depois dela. Ela vai trazer um novo tempo, não só para Belo Horizonte, mas para Minas, porque aquilo é uma obra, realmente, à altura de quem deseja oferecer condições para governar direito um estado dessa magnitude”, destacou o vice-presidente, após a reunião.

José Alencar ressaltou que a escolha da região Norte de Belo Horizonte para a instalação da Cidade Administrativa foi um acerto porque vai promover o crescimento de uma importante região da Região Metropolitana da capital.

“Irá representar a abertura para o crescimento da cidade em uma área espetacular, em direção aos aeroportos, o que também é muito importante para Minas Gerais”, ressaltou.

Transferência

A mudança física das primeiras secretarias que serão transferidas para a Cidade Administrativa começará neste sábado (13). A partir do dia 22 de fevereiro, os primeiros servidores transferidos já estarão trabalhando nas novas instalações. O cronograma prevê que, mensalmente, até outubro, entre 1.800 e 1.900 servidores serão transferidos para a Cidade Administrativa, totalizando, ao final, 16 mil pessoas.

Além de garantir mais conforto e melhores condições de trabalho para o funcionalismo, a concentração em um mesmo espaço de 18 secretárias e 25 órgãos irá proporcional economia de R$ 92 milhões aos cofres do Estado, que será propiciada em função de menores gastos com serviços como telefonia e transporte e, especialmente, com aluguéis.