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Saiba como foi montada pelos aloprados do PT a operação de arapongas para fabricar dossiês contra Serra

Fonte: Alberto Bombig, Andrei Meireles e Leonel Rocha – Revista Época

Amaury procurou o sargento Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, ex-agente do serviço de informações da Aeronáutica e figura famosa no submundo dos dossiês brasilienses. Para a empreitada, Dadá sugeriu a contratação do delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo das Graças Sousa. Num tradicional restaurante de comida alemã de Brasília, Lanzetta, Ribeiro, Dadá, Onézimo e o empresário Benedito de Oliveira Neto, dono da Dialog, empresa de informática que enriqueceu sob o governo Lula, discutiram o possível negócio. Onézimo e Dadá foram ao encontro na expectativa de ser contratados para bisbilhotar tucanos. Foram surpreendidos com um pedido inusitado: deveriam também investigar integrantes da campanha petista que trabalham e frequentam a casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, onde fica o comitê central da campanha de Dilma.

ESPIONAGEM ELEITORAL O sargento Idalberto de Araújo (à esq.), ex-agente do serviço de informações da Aeronáutica, foi procurado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. (ao centro) para investigar pessoas que trabalhavam no comitê de campanha de Dilma (foto acima). O serviço ficaria a cargo do ex-delegado Onézimo das Graças Sousa (à dir.). O negócio foi abortado

De acordo com Dadá, Lanzetta queria descobrir quem eram os “vazadores de informações” do comitê para a imprensa. Lanzetta, segundo Dadá, estava irritado e preocupado com uma reportagem publicada dias antes no jornal O Globo revelando o conteúdo de uma reunião de que participaram apenas seis pessoas. Lanzetta suspeitava que Garreta, o escudeiro de Falcão, fosse o “vazador”, por ter interesse em tomar o lugar da Lanza na campanha. ÉPOCA também ouviu Onézimo. Ele confirma ter participado do encontro a convite de Dadá, mas diz que ouviu uma proposta “aloprada” e recusou-a. “Não a achei ética e, por isso, não topei”, disse. De acordo com dois dos envolvidos no episódio, essa teria sido a única reunião do grupo, e nenhum negócio foi fechado por Lanzetta ou pela campanha de Dilma.

Além de intermediar o encontro de Lanzetta com os arapongas, Amaury investigava os negócios de Verônica, a filha de José Serra. Como repórter de O Estado de Minas, ele reuniu informações sobre Verônica em 2009. Lanzetta sabia da apuração e demonstrou interesse nos documentos. Conforme apurou ÉPOCA, o material seria basicamente composto de documentos relativos a investigações do Ministério Público de São Paulo e da Receita Federal sobre as empresas de Verônica e de seu marido, Alexandre Bourgeois. Amaury afirma que não entregou o material a Lanzetta. Argumenta que, embora não trabalhe mais em O Estado de Minas, o resultado das investigações pertence ao jornal. Pimentel diz ter sido informado por Lanzetta sobre o material, mas nega ter havido interesse da campanha em ter acesso à investigação de Amaury. Dilma, segundo Pimentel, nem soube dessa hipótese. “Essa história é um factoide”, afirma Pimentel.

Os petistas próximos a Rui Falcão e a Garreta negam ter aproveitado a desastrada operação de montagem do núcleo de inteligência para afastar Lanzetta e assumir o controle da comunicação de campanha. Quem também estava de acordo com o afastamento de Lanzetta era o marqueteiro de Dilma, João Santana. Desde o começo da campanha, ele manifestara insatisfação por não ter, sob seu comando, a assessoria de imprensa de Dilma.

Durante sua passagem por redações paulistanas, nos anos 70 e 80, Rui Falcão ficou conhecido como o “jornalista que não negocia nem vírgulas”. Era uma referência a sua intransigência em mudar textos que considerava prontos. Desde que Marta Suplicy deixou a prefeitura de São Paulo, Falcão tem se aproximado de Palocci. Os dois têm estilos bem diferentes. Palocci é conciliador e preza o diálogo. Falcão gosta de impor seus pontos de vista. Ambos comungam as mesmas crenças em questões importantes, como os rumos da economia num eventual terceiro mandato do PT. Em artigo recente publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, Palocci escreveu que o crescimento do Brasil não pode desprezar alguns preceitos essenciais, como o controle de despesas públicas para a manutenção do equilíbrio fiscal. Ponto que, nos discursos de Dilma, ainda não apareceu de maneira clara. A ascensão de Palocci e seus aliados pode ter desdobramentos significativos na campanha e no futuro do PT.

Quem ganhou e quem perdeu na disputa interna do PT

O grupo ligado ao ex-ministro Antônio Palocci passou a comandar a estratégia de comunicação da candidata do PT

Ganharam

Rui Falcão
Deputado estadual de São Paulo, passou a centralizar todas as decisões relativas à comunicação da campanha de Dilma com a ascensão da candidata

Valdemir Garreta
Ex-secretário de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo, é ligado a falcão e virou um dos integrantes da coordenação da campanha de Dilma

Marta Suplicy
A ex-prefeita saíra como fiadora do acordo que unira o PT de São Paulo para a campanha estadual. ganha agora com a ascensão dos aliados Palocci e Falcão

Perderam

Fernando Pimentel
Indicado por Dilma para ser coordenador da campanha, o ex-prefeito de Belo Horizonte era o padrinho de Luiz Lanzetta

Luiz Lanzetta
O jornalista está temporariamente afastado da campanha. era o responsável pela estratégia de comunicação, mas perdeu a disputa com Rui Falcão

André Vargas
Venceu Rui Falcão na disputa pelo cargo de secretário nacional de comunicação do PT, mas agora terá de dividir poder com o deputado estadual paulista