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Após denúncias de corrupção no Dnit, Jornal Nacional mostra o descaso com BR-381 – a rodovia que mais mata no país


JN no Ar mostra rodovia mais perigosa do Brasil

Fonte:Jornal Nacional – Rede Globo

Segundo a PRF, em média, são 25 acidentes com mortes a cada cem quilômetros da BR-381. A via foi inaugurada há mais de 50 anos, nunca passou por uma obra de modernização e ainda mantém o traçado sinuoso

Depois de mostrar as rodovias do Pará, consideradas as piores do país, a equipe do JN no Ar foi a Minas Gerais para percorrer a BR-381, a estrada em que ocorrem mais mortes no Brasil.

A equipe encontrou uma estada perigosa, com caminhões em alta velocidade, uma rodovia que precisa ser duplicada. Viu também que a paralisação no Ministério dos Transportes prejudicou os planos para melhora essa via que sofre com a falta de manutenção e cuidado. Testemunhou histórias tristes na rodovia que conta muitas mortes.

O avião do JN pousou em Belo Horizonte por volta de meia-noite. Logo cedo, a equipe foi em direção à BR-381. Já nos primeiros quilômetros, uma manobra arriscada de um veículo que lembra que o perigo ronda o asfalto da via.

É o que sente Tamires toda vez que tem que voltar ao local onde sofreu um acidente. Em 2009, um caminhão desgovernado atingiu a van onde ela estava com um grupo de cinco amigos. Todos morreram e ela amargou um longo tempo até se recuperar. “É uma BR que dá medo, 381 dá medo”, ela diz.

Os números da Polícia Rodoviária Federal mostram que a BR-381 é a rodovia que mais mata no Brasil. Em média, são 25 acidentes com mortes a cada cem quilômetros. A saída de Minas em direção a Vitória é o pior trecho, onde 111 pessoas morreram no ano passado.

“Nesses cem primeiros quilômetros da saída da capital, são mais de 200 curvas. Então, não existe um trecho mais perigoso. Todos eles são”, explica o Inspetor Aristides Júnior, da Polícia Rodoviária Federal.

A BR-381 foi inaugurada há mais de 50 anos. Nunca passou por uma obra de modernização e mantém até hoje o mesmo traçado sinuoso. Um trajeto traiçoeiro.

Dona Helena se lembra da inauguração, mora bem na beira da pista. De lá para cá, o trânsito piorou tanto que ela perdeu o gosto pela direção. A Brasília fica guardadinha na garagem.

“Eu tenho medo de dirigir na BR por casa de muitos motoristas que não respeitam os carros pequenos”, ela conta.

A travessia de animais é mais uma situação de risco na região. A duplicação é uma promessa antiga. A elaboração do edital de licitação foi suspensa depois do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes. É só acompanhar um pouquinho do trânsito para perceber que as mudanças são urgentes.

Uma das consequências da falta de manutenção na BR-381 foi o que aconteceu na ponte que existia sobre o Rio das Velhas, que não aguentou e desabou, no início deste ano. Para manter o fluxo de carros, que chega a 30 mil carros por dia, foi instalada uma ponte provisória até que a nova fique pronta.

Na lista das rodovias mais perigosas, depois da BR-381, vem a BR-116. São 24 acidentes fatais a cada cem quilômetros.

Em terceiro, a BR-040. No trecho de Goiás, entre Valparaíso e Luziânia, a lembrança das mortes recentes não impede que pedestres e ciclistas ignorem a passarela.

Em quarto lugar no ranking, a BR-101. Entre Cariacica e Serra, no Espírito Santo, uma obra de duplicação se arrasta há 11 anos. O Ministério Público Federal quer explicações sobre a falta de licitação e sobre o valor: R$ 66 milhões gastos em seis quilômetros.

De volta a Minas Gerais, a equipe encontrou marcas na estrada mais violenta do país. Percorrendo a BR, encontrou carros envolvidos em acidentes na 381. Alguns há muito tempo, mas outros, há poucos dias.

Em João Monlevade, a cem quilômetros de Belo Horizonte, um grupo de voluntários se dedica a resgatar as vítimas de acidentes. Herbert foi salvo por eles. “Estou vivo, recuperando, para sair daqui curado”, conta.

Sobre a elaboração do edital de licitação para duplicação da 381, o Dnit disse que o processo vai ser retomado em alguns dias.

Sobre a BR-101, em Vitória, o Dnit explicou que contratou uma empresa sem licitação porque não houve outros interessados na concorrência.

E ainda sobre o valor da obra, o Dnit informou que, além da duplicação, serão construídos viadutos, que encarecem o valor total do projeto.

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